Thursday, September 21, 2006

and now, the true Texas

No Labor Day (sim, estes palhaços optaram por celebrar o 1º de Maio em Setembro...vá-se lá saber porquê), aproveitei o fim-de-semana prolongado para dar um salto ao Texas. Já há algum tempo, depois de passar pelo Nevada e pelo Arizona, que me apetecia visitar o verdadeiro interior da América, ver o povo do centro no seu habitat natural, totalmente diferente do pessoal das Costas (neste caso, da Costa Oeste). E que habitat e que diferença! A maior parte do pessoal perguntava-me que raio ia eu fazer para o fim-do-mundo, onde não se passava nada, e a minha resposta era sempre a mesma: "Exactamente por não se passar nada é que eu quero ir!". Comigo na mesma demanda estava a menina Patrícia, e fizemos planos conjuntos para conhecer tudo que era terreola com menos de 300 habitantes na vizinhança de Dallas.

Um dos edifícios no
centro de Dallas

Saímos na 6a feira, dia 1 de Setembro, e depois de uma escala em LA, chegamos tranquilamente a Dallas com 35º, malas às costas e carro alugado. Conseguimos um upgrade de um carro normal para um Jeep, que fez as delícias da menina, que se divertiu ao volante a tentar matar-me de susto em farm roads com alcatrão que parecia açúcar, tal era a força dos seus belos pneu a roçar ao de leve a estrada...

E bem precisei, porra...

No primeiro dia ainda fomos dar um salto a Dallas, apenas para verificarmos que a cidade é morta. Quase ninguém nas ruas a uma 6a feira à noite, tudo parado, nada de barulho, nada de movimentação...só numa zona de bares é que havia pessoal, e acabamos por ir a um bar semi-redneck beber umas cervejinhas e jogar uma bilharada. Para mim que estou habituado às noites de San Francisco, foi uma mudança radical. Pensei que ia apanhar cowboys à porrada nos becos, a polícia a dar de beber aos cavalos, montes de estrume nas ruas...(ok, pronto, não tanto mas perto disto!), e nada. Nada mesmo. Uma tristeza.

No dia seguinte, arrancamos para o verdadeiro destino das férias. Tínhamos traçado uma rota que nos ia levar pelas metrópoles de Lipan, Annetta, Millsap, Cool, Mingus...entre outros nomes absurdos...culminando na fabulosa Pancake, que através dos mapas do Google nao parecia ser mais do que um cruzamento! Alguns contrastes interessantes, com as terras perto das cidades cheias de casarões (provavelmente para o povo vir passar fins-de-semana "ao campo"), enquanto que as terreolas mais para o interior eram nitidamente mais pobres, com menos condições. Alguns pormenores eram marcantes: havia igrejas em TODO o lado, porra, um raio de uma terra como Mingus que tem menos gente que um quarteirão do Porto, tem igreja, clínica e até uma Loja Maçónica!!! Outra coisa que me surpreendeu foi a vegetação do Texas. Tinha ideia que a grande maioria do estado era cheio de desertos e paisagens desoladoras como o Nevada, mas estava enganado. Muito mato, muita árvore e muito campo cultivado. As centenas de kms que fizemos deram para muita conversa e muito sono (não é, sô dona "eu só vou dormir um bocadinho"), mas em cada terra que parávamos, havia sempre qualquer coisa fora do comum para ver.

Alguns exemplos:
  • Mingus
Paramos para comprar água e um mapa (e uma cervejinha texana para mim, admito), e perguntei à tipa do mercado se se podia beber na rua. Ela disse que não era aconselhável, mas "damn, you can go to the bars! i've done that with my kids since they were small and i never had a problem!"...pronto, senhora, vá lá dar bourbon ao bébé que já lhe deve estar a fazer falta...

Sorridentes a olhar para...
NADA!!!
  • Lipan
Nesta terra, um dos ícones da viagem, encontramos uma reunião no supermercado local, com o pessoal todo sentado em círculo a cantar (presumo que em ensaio para a missa de Domingo), e 2 forasteiros da parte de fora a rirem-se e a filmarem. Foi bonito. Mais bonito ainda foi subir para cima do jeep e pedir a um velhote para tirar uma foto. Muito bonito. Ainda para mais a terra reduzia-se a pouco mais que isso! Com a proverbial igreja e meia dúzia de ruas...fazíamos questão de parar em todas as placas de entrada das terras para podermos apanhar o nome e número de habitantes...tão tipicamente americano...antes de chegar à terra, ainda paramos na Natty Flat Smokehouse (onde me sentei na maior cadeira de balouço do mundo) para comer qualquer coisa e comprar meia dúzia de souvenirs, entre as quais 3 frascos de compota texana, aos quais voltarei mais abaixo...

Cheguei a Lipan!!! Eina!!!

Rock, baby, rock away...

Nem começo a tentar explicar...;)

E pronto, lá estamos nós
em cima do Jeep...
  • Cool
Não me lixem. Cool, Texas é quase um título de mini-série juvenil. Uma terra que não tinha quase NADA, a não ser a igreja, claro...no entanto, foi onde tiramos talvez a foto mais impecável da viagem toda!

Qualquer trocadilho com a palavra
"Cool" é permitido, sim...

O momento mais Zen da viagem!
  • Millsap
Agora imaginem uma terra de cowboys. Com cabanas de madeira preservadas desde o século XIX (a história americana não é assim tão longa, lembrem-se), casinhas baixas com os nomes das lojas pintadas em cima...impecável.

Isto foi tudo no sábado, com a Patrícia ao volante, a percorrer kilómetros de estradas foleiras sempre a abrir, entre fotos em andamento e vídeos absurdos de 8 minutos em que não se passava nada a não serem duas pessoas num Jeep a fazer piões no meio de cidades onde não havia ninguém. Bonito, portanto.

No Domingo foi diferente. Começamos por Dallas, onde eu quis a toda a força ir ao Sixth Floor Museum, de onde sairam as balas que feriram JFK em 1963 (sim, Ricardo, eu estou ao corrente da teoria da conspiração...). Foi estranho estar num local tão mediático para o povo americano (e por força deles, para o mundo), com os sítios onde as balas lhe acertaram a estarem marcados com "X" brancos no pavimento, e pessoal a vender jornaizinhos sobre a conspiração no exterior. Almoçamos num pub lá para o meio de Dallas, e pusemo-nos a andar para a verdadeira Pancake, TX. Como no dia anterior não tínhamos tido tempo para lá chegar, depois de almoço seguimos para Oeste pela Highway 30 até à Highway 20, viramos para sul na TX-281 até chegarmos à famosa Farm Road 1602 que nos levou direitinho ao meio de Pancake. No entanto, oh desilusão, oh tristeza, Pancake não existe. Já existiu, mas juntou-se a outras localidades (essas putéfias) para formar a terra de Jonesboro. Ah...rios de lágrimas choramos na bomba de gasolina com os quadros do John Wayne e as raquetes de ténis nas paredes do WC...

President Kennedy has just been shot!

A menina Patrícia a armar-se
em silhueta...

Onde mais poderia tirar uma foto
ao lado do Duke?!?!

Voltando para cima, paramos em Hico no "Koffee Kup" para comer um excelente bifão texano com a incrível "okra", uma leguminosa que provocou a total confusão na cabeça da empregada porque não percebia que nós não fazíamos a menor ideia do que raio era uma "okra"!!! Adoro os sotaques parolos daquela gente, os "how y'all doin'" e "y'all be good, now" são inconfundíveis e simplesmente irresistíveis. Acabamos por vir para cima (ela a dormir como sempre e eu a conduzir) a ouvir, juntamente com outros génios da música country, aquele que se tornou o compositor oficial da banda sonora da viagem: Dallas Wayne, com alguns hits como "Tex-tosterone" ou então a dolorosa balada "She's good to go". Bem-hajas, Sr.Wayne, fizeste com que passasse a ter um carinho especial pela música country. Ou não.

Mais uma vez o jovem no meio
de nenhures...

No fundo, o Texas é interessante. Muito trailer-trash, muito redneck à solta, mas quase sempre pessoal simpático e acima de tudo uma grande vantagem: grande maioria de americanos, o que não se verifica aqui na Califórnia, onde há montanhas de indianos, chineses, coreanos, mexicanos e afins...

Para terminar, as compotas. Compro eu as compotas todo contente para mandar para a minha mãe (de figo, Raquel, devias adorar), e quando vou a embarcar no aeroporto em Dallas, dizem-me que não posso levar aquilo na mochila. Eu saio da fila da segurança e vou montar uma caixa de cartão para mandar aquilo no avião. Resultado, demorei mais um bocado que o normal (o meu eterno talento para DIY), e aquilo deve ter ido noutro voo porque ficaram perdidas. A minha aposta é que os cabrões no aeroporto de SF apanharam aquilo e chamaram-lhe literalmente um figo. Foi tudo com bolachinhas e café mau, aposto. E agora compotas nada, "perderam-se", por isso vou reclamar e quero uma indemnização por danos morais, aquilo não se faz!!! :(

Thursday, September 07, 2006

texas hold'em @ shire

Ainda em posts atrasados, no dia 29 de Agosto teve lugar na terreola de San Jose a primeira (de muitas, espera-se) grande reunião cartófila do Contacto em terras americanas. Uma jogatina de poker (Texas Hold'em rules) no Shire, rodeada de algum (pouco) álcool, charutos e boa disposição. O ambiente era propício à conversa e ao bom humor, a decoração impecavelmente organizada pelos residentes da casa, com fichas e tudo. Após quase 4 horas de jogo intenso, o resultado cifrou-se numa vitória histórica de um amador, diria um leigo na matéria, que arruinou totalmente as esperanças dos demais participantes, com jogadas arriscadas e sempre nofio da navalha. Escusado será dizer que fui eu que ganhei :)


O início do jogo!

A concentração nas
faces dos jogadores...

A minha pilha de fichas a meio do jogo...

Wednesday, September 06, 2006

live update

E cá estou de volta. Desde as férias (nunca mais me ponho a escrever posts diários, demora muito tempo e depois perco pachorra) que não escrevo, por isso cá vai uma actualização do que se tem passado:

- Muse concert

Eu, Paulo Abreu e Ana Bartolomeu fomos ao concerto dos Muse no dia 18 de Julho, no Concourse Exhibition Center em SF. Para além do facto do recinto ser parecido com o Mercado Ferreira Borges por dentro, com armações metálicas em tons bordeaux, havia algumas particularidades...o piso era em alcatifa, havia pessoal a comer saladas no chão antes do concerto...muito pessoal na casa dos 15-20, o que foi estranhíssimo porque tinha ideia que Muse afectava uma faixa etária mais velha, mas venham quem vierem, música de qualidade é esta! Algum moche no concerto, uma performance impecável ainda que com má acústica, mas os gajos realmente tem uma presença em palco fabulosa, cheios de energia e com o pessoal a curtir largo. Adorei.

Cartaz à porta do recinto

No concerto, Matt Bellamy a rasgar tudo!

- Vaga de calor e Sausalito

Um belo sábado à tarde, decidimos ir ter com o pessoal de cima a Sausalito, praia perto de SF, do outro lado da Golden Gate. Aproveitando o calor intenso que se fez sentir na zona (incrível, uma vaga de calor como não se via há algum tempo!), eu, Soares e Abreu demos um salto à praia. Uma tarde impecável, um banhinho na Baía, cervejinha e vinho branco na praia, uma futebolada calminha e muito relax...valeu a pena :)

A Baía vista da Golden Gate

Olha o careca no descapotável!

- Double House Party @ Sutter

Paulo Abreu e Brooke Farrand, os obreiros da festa. Uma ideia que surgiu numa noite qualquer ganhou forma no dia 12 de Agosto, quando juntamos duas celebrações: a saída de Erin, Tom e Brooke do andar de cima (Erin volta para o Midwest e o casalinho vai viver junto para perto de nossa casa) e a festa de aniversário do nosso amigo Tiago Silva. Resultado: perto de 80 pessoas em duas casas, dois barris de cerveja com direito a vários kegstands, vodka, tequilla, whiskey...um interminável desfile de álcool e gente bem disposta, a nossa casa impecavelmente decorada (parabéns Lima e Soares pelo engenho e arte), franceses de roupão, bolo de anos, dança na sala, música aos berros e uma parada de nacionalidades, da Rússia a Portugal, Estados Unidos, França, Dinamarca...um polvilhar cultural de todo o mundo que ajudou a engrandecer ainda mais a nossa humilde casinha. Em suma, um festão que durou até às 5 da manhã e que marcou o nosso mês de Agosto!

Jantar pré-festa no Neecha (where else?!)

Peixeiro, eu e Soares, a meio da festa...
reparem no meu sorriso, pareço o Joker!

O pessoal na nossa cozinha...

Os parabéns ao aniversariante!!!

- A agressão ao Cavalier

Pois é, o nosso bólide sofreu uma agressão, rondava as 8h30 da matina, quando eu estava dentro do carro e o Lima a entrar para o banco de trás pelo lado de fora, e vem uma carrinha que estava estacionada, conduzida por um fulano que trabalhava nas obras do outro lado da rua, e quase leva a porta com ele, falhando o Lima por pouco (aí é que foi pena...). Resultado: a porta não fecha, mas depois de aparecer a polícia (o gajo não queria dar os dados dele) lá conseguimos acertar agulhas e a seguradora deu-nos 100% de razão (0% de culpa, como quiserem) e estamos a espera que nos digam quando nos vão mandar arranjar o carro. Até lá, quais Blanche Dubois da California, dependemos da bondade de não-tão-estranhos, com os carros do Soares e do Silva (e do Shant e da Ana, por vezes) a servirem como apoio para os desterrados da Sutter...bem-hajam!!!

Assassinos!!!

Não se faz!!! #$%#$&