Wednesday, April 19, 2006

what's been goin' on

Ora então cá vai um relato mais ou menos detalhado do que se tem passado desde que chegamos de vez a San Francisco:

Arranjamos casa há 9 dias. Até lá tínhamos andado a viver em motéis, a saber no Surf Motel (gerido por indianos e com um cheiro a caril na recepção que metia medo), e depois no Presidio Inn (ler definição do Surf Motel). Durante esse tempo andamos a procura de casa no craigslist.org, um site fabuloso em que o pessoal da zona (Bay Área, que inclui SF e as zonas circundantes) põe tudo a vender e comprar, com anúncios pessoais ao barulho. Depois de vários dias passados a procura, e várias casas visitadas, lá encontramos o 2166 Sutter Street, na zona de Lower Pacific Heights entre o cruzamento com a Steiner e a Pierce (sim, porque aqui funciona tudo com cruzamentos, as ruas intersectam-se quase todas e da Sutter com a Powell (downtown) para a Sutter com a Pierce vão praí 15 quarteirões! É um T4 com 2 WCs, muito fixe e com bom aspecto, uma casa vitoriana típica (se não sabem o que é, procurem na net :P). Mudamo-nos para lá no Domingo dia 10, porque tínhamos motel pago até lá, e desde aí é a nossa casinha. Somos 4 a viver lá, a saber:

- Eu, obviamente;
- Pedro Lima, um rapaz de Viana do Castelo, caralheiro-mor (pior que eu) e FEUPinho como eu, acabado de sair de lá, com passagem via-Erasmus pela Estónia.
- Tiago Soares, um tipo grande e surfista (portanto igualzinho a mim) que vive na Marechal no Porto, e em casa de quem abanquei enquanto estive em Lisboa a estagiar, acabado de vir de Erasmus da Suécia.
- Paulo Abreu, madeirense de 34 anos, gajo porreiro e experiente (ele é que diz). Viveu em Londres até aos 10 anos ou qualquer coisa e trabalhava no Funchal.

Entendemo-nos bem, o pessoal está bem disposto e andamos todos para o mesmo lado. Connosco nestes primeiros dias está a abancar outro gajo, Tiago Silva, lisboeta de origem, gajo com aspecto de galã americano dos anos 20 mas com mente perversa e que faz sopa muito bem (vida de pobrezinho é triste…). Nos primeiros tempos também andamos sempre com o André Shant Khatchik, tipo porreiro de origem arménia, que já tinha combinado ficar com outro tipo, portanto não andou a procura de casa c’a gente.

Andamos feitos tolos a procura de carro, porque temos de fazer a viagem desde SF para San José (mais concretamente Milpitas, um subúrbio onde está o nosso edifício da Cisco, onde trabalhamos), e são aprox. 80 km para cada lado. Por agora ainda andamos com carro alugado (o segundo, um Chrysler Sebring dourado), o que é um dispêndio absurdo e que queremos acabar o mais depressa possível. Ainda outro dia fomos ver um carro a Oakland, terra de gangsters e niggas, onde o gajo teve a lata de nos dizer: “eu já tentei roubar-vos um espelho retrovisor para substituir o partido, mas não consegui”. Um bom negócio, portanto :P

Agora, San Francisco. A cidade é de loucos. Literalmente. Andamos montes de vezes pelas ruas e encontra-se sempre uma personagem estranhíssima em cada esquina. Alguns exemplos:

- À saída do Bank of America (onde, por sinal, o pessoal andava de pólo e calças de ganga, e o relações públicas de uma das maiores sucursais do banco na cidade ajoelhou-se à nossa frente para nos explicar como funcionavam os cheques…), íamos a caminho da nossa Dodge Caravan, a carrinha que alugamos na altura, e aparece-nos uma preta gorda, agarrada a 20 rolos de papel higiénico, e aos gritos na rua: “You big big bitch!!! Tellin’ me i don’t know how to sing!!!” e começa a cantar sozinha enquanto atravessa a rua…

- Na Social Security na Market Street, uma das ruas mais movimentadas da cidade, para além de histórias que íamos ouvindo de uma tipa que se safou por pouco de ser incinerada numa cruz pelo KKK, entre muitas outras personagens fabulosas dignas de um romance de Dickens, aparece-me um anormal de poncho e mochila de campismo, entra dentro daquilo a gritar “México, México!!!”. Senta-se, com um pano “Palestina vencerá” ao pescoço, e de vez em quando diz qualquer coisa em voz alta, até que se senta a beira de uma tipa qualquer, para se levantar meio minuto depois, aponta para ela e diz: “This woman hit me with her umbrella!!!”, senta-se noutro lado, até que se lembra, depois de meia-hora a espera, de se levantar outra vez e dizer 2 vezes: “They are playing with MY money!” e sai de lá…

- Em plena Chinatown, onde fomos almoçar com umas amigas portuguesas do nosso amigo Shant (que o tipo encontrou casualmente em plena Union Square, e que estavam cá a passar férias), numa das movimentadas esquinas da zona, estava um fulano em cima de um semáforo, com um cartaz a dizer coisas do género “Bush + Blair = Terrorists”, “The Armageddon is coming”, “War is death”, e a sorrir para as pessoas, acenando e dizendo em voz alta: “Happy, happy, happy!”. Mas só dizia isto. Fez esta cena durante horas!!! Fomos almoçar e viemos (no restaurante chinês com cheiro mais fétido onde eu já estive na minha vida), e o tipo lá continuava feliz e aparentemente contente!!!

- Fora de um bar irlandês na Chestnut Street, encontramos um gajo de fato-de-treino todo cinzento na rua às 23h, com um rádio ao ouvido, a perguntar-nos se sabíamos onde se podia jogar bilhar. Nós dissemos que não sabíamos, e o gajo disse: “I’m from Alaska, i don’t know where the fuck i am”. Entramos no bar 1 hora depois, lá estava o gajo a jogar todo bêbado!

Histórias como estas repetem-se inúmeras vezes sempre que estamos na rua. Isto para não falar dos carros tunings com jantes que rodam por fora das fixas, tipos com rede no cabelo tipo hit-man mexicano, gajos com o gancho das calças no joelho e casacos de penas tipo gangster…

Para além disto tem sido uma adaptação forçada às regras de condução cá no burgo, porque entre outras pequenas diferenças, há duas fundamentais:

- os semáforos encontram-se habitualmente do outro lado dos cruzamentos, pelo que temos que olhar em frente e não para cima;

- quando o semáforo está vermelho, é permitido virar à direita num cruzamento, o que é excelente porque não havendo trânsito pode-se andar quando se quiser.

Para além disso, a cidade é conhecida pelos seus altos e baixos (subidas e descidas, não estou a falar do terramoto), pelo que há algumas ruas em que dá para fazer umas brincadeiras (leia-se saltos) que são sempre interessantes.

Numa destas brincadeiras, um cruzamento à direita com dupla mudança brusca de faixa num sinal amarelo, quase atropelando dois chinocas na passadeira (não era eu que ia ao volante, note-se, se bem que tenho a minha quota parte nalgumas cagadas que já fiz ao volante, como todos), fomos encostados pela polícia, que numa atitude nítida de impor respeito disse ao condutor, e passo a citar: “You’re here for one week and already you’re driving like crap!”. Nós pensamos que o tipo não conseguiu usar a carta de condução portuguesa do tipo que ia ao volante e por isso é que não nos passou uma multa, porque senão estávamos lixados.

Outro encontro com a polícia aconteceu à porta do nosso primeiro motel, onde depois de enfrascarmos um bom bocado, eu e mais 2 estávamos a porta do motel a tentar chamar um táxi e a beber ostensivamente na rua, que é absolutamente proibido. O tipo encostou e disse-nos, de dentro do carro: “Wouldn’t you prefer drinking that inside?”, ao que nós respondemos que vivíamos ali e que estávamos só a espera dum táxi, e ele só disse: “Yeah, but wouldn’t you prefer drinking that inside?”. Foi o suficiente, pedimos desculpa e fomos para dentro.

Ah, táxis! Como não arriscamos andar de carro tocados (dá cadeia imediata, sem falar no perigo óbvio), para a noite vamos de táxi. Primeiro táxi, apanhamos um brasileiro. Já apanhamos um gajo que nos queria arranjar 3 gajas para 6 gajos por 100$ cada um, um russo que meteu 6 gajos no táxi dele…todos amigos e tipos porreiros.

É engraçado que na cidade toda a gente parece simpática e afectuosa. É normal as pessoas meterem conversa no café, na rua, em todo o lado. Até os sem-abrigo (que são muitos) são educados e simpáticos, não berram nem exigem dinheiro com falsas alegações como em Portugal.

Em termos de noite, tem sido uma alegria. As discotecas custam normalmente 20$ para entrar, e a partir das 2 da manhã, álcool nem vê-lo! Numa destas, no 10-15 (http://www.1015.com), cheguei ao bar as 2h05 e pedi uma Bud(weiser). A tipa trouxe-me água. E eu “No, a BUD, please!”, mas ela nada, álcool nada. E o pessoal continuou num ritmo de pastilha até às 4 da matina, hora a que saí de lá.

O que é porreiro é que nos bares, o pessoal é literalmente expulso às 2 da manhã. A partir daí noite só nas discos. O que se forem a ver é excelente, porque o pessoal sai mais cedo, e se não quiser ir para uma disco (que é normalmente o meu caso), vais para casa ou então para house-parties. Top!

O melhor clube a que fui é o Gravity (http://gravityroomsf.com). Grande ambiente, malta porreira, ao todo uma noite muito simpática :)

Voltando à casa. Vivemos aqui os 4 e ainda não tínhamos conhecido os vizinhos de cima. Nós estamos no R/C, no 1º andar mora gente e no 2º é o escritório da imobiliária que nos arrendou o sítio. Então na sexta-feira estávamos aqui em casa a jantar (e a emborcar pré-saída porque beber fora fica caro, mais vale ir ao Safeway – supermercado – comprar umas 30-packs de cerveja e umas garrafinhas de vodka e siga), e fomos lá fora beber uma cervejinha ao ar livre no nosso backyard, entretanto notámos que estava pessoal a fumar lá em cima. O tipo da imobiliária disse que eram gajos de meia-idade, calminhos, por isso estávamos a acreditar nele. No entanto, não eram tanto de meia-idade…nem tanto só gajos J. Resultado, mandaram-nos subir, e lá fomos conversar um cadito. Acabaram por ser 3 gajos + 3 gajas, 2 deles um casal:

- Brooke, menina lourinha com bom aspecto, namora com o Tom e trabalha na Banana Repubic;
- Erin, menina moreninha e muito simpática, vem de Detroit e tem o namorado lá para essas bandas, não me lembro o que faz;
- Lisa, menina lourinha e simpática também, não sei se namora ou não, trabalha numa ONG, acho eu;
- Dave, parecido comigo mas mais magrito, joga hóquei em gelo;
- Tom, namorado da Brooke, não me lembro o que faz;
- (insert name here), não sei o que faz mesmo.

E pronto, ao fim de meia horita de conversa, convidaram-nos para ir lá a casa deles no sábado porque iam dar uma festinha. Nós aceitamos, claro.

Na 6ª foi uma noite porreira, passada entre 3 clubes na famosa Fillmore Street (MatrixFillmore, Mauna Loa e KT’s), e depois viemos para casa. No sábado, começamos por jantar em casa (uma jardineira feita por mim e pelo Paulo), e depois de vários shots e várias latas de cerveja, lá fomos para cima. Pronto, desbunda total, montes de gente lá, incluindo um castro (calão que criámos para homossexual) até bem simpático, ainda estive a falar com ele um bocado, e as meninas, todas soltas, a somar a mais umas, (outra) Erin, Hanna, Susan, entre outras, todas americaninhas até ao osso. Valeu a pena, é povo porreiraço e ainda bem, porque vizinhos fixes dão sempre jeito.

E pronto, por agora tem sido basicamente isto...vou escrevendo quando tiver tempo/pachorra ;)

4 Comments:

Blogger  said...

olé... para mandar um besito e continua a dar novidades ;)

1:03 AM

 
Blogger Susana said...

se cada post for deste tamanho, escreve de vez em qdo... lol!
concordo com o Mike: tou a ver que já dominam a cena gay...
tou mesmo a imaginar o quarteto fantástico na noite de s.francisco!
depois não se admirem se vierem pessoas diferentes (mais kridos... if you know what I mean...)
continua a dar notícias...

11:49 AM

 
Blogger Susana said...

com que então os comments estão sujeitos a aprovação?!!?
isso é por causa de alguma coisa do passado que queiras partilhar?!?!? lol!!!
facho!

11:51 AM

 
Blogger Nelson said...

Grande Berto!!! Grande Cchinni!! Grande Post!!!

Tou a ver que tenho mesmo de comecar a procurar um voo para San Franchico!! Com esse pessoal todo ai, Loucura e Festa nao deve faltar!!

Mas vcs tambem podem vir ca... 1 ou 2 de cada vez no maximo!!

entretanto.. vai seguindo em:
http://40norte.blogspot.com/

2:09 PM

 

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